– Lhixo!
Baleal, fim de tarde de maio 2015.
O meu raio de sol preparava-se para abandonar a praia acompanhando os restantes raios sol que iam repousar no mar.
Quando um saco de um pré-veraneante distraído trazido pela nortada se foi prender nas pernas da minha pequenita.
Ela inclinou a cabeça, observou e durante largos segundos procurou nos seus 26 meses de experiência de vida por uma justificação para aquele insólito acontecimento.
Até que se debruçou, pegou no saco e sentenciou:
– Lhixo!
Voltou-se, e com a determinação, velocidade e inclinação de um velocista à chegada da meta, lançou-se pelo passadiço acima.
Tal era extrema a velocidade, e inclinação para equilibrar passos de bebé, que passou o caixote.
Levantou a cabeça desorientada, olhou-me e esticou a mãozinha com o saco embrulhado:
– Lhixo!
– Bia, o lixo está aqui.
Ao chegar, o saco do lixo estava rasgado e havia lixo na areia, agachou-se e apanhou um cone de Calipo:
– Lhixo!
– Calma Bia, os senhores depois apanham esse lixo. Tu já fizeste a tua parte.
Pode ser que mais alguém aprenda contigo.