Filha, o problema não é o lixo, é a Ignorância
Fico sempre avassalado com a quantidade de copos, garrafas, talheres, pratos e balões que naturalmente se descartam para fazer uma simples refeição ao ar livre.
A melhor maneira de não sujar é não fazer lixo.
– Então e as crianças iam brincar com o quê?
Ouvi a resposta e remeti-me ao silêncio.
Na descida daquele sítio maravilhoso, havendo um saco do lixo vazio, na minha normal anormalidade resolvi enchê-lo para compensar a incúria de outros seres humanos que a mim se antecederam.
Perante a típica inércia atónita dos adultos e a natural indiferença das crianças, houve uma que abandonando o grupo se acercou de mim.
– Pai está aqui mais este papel.
Voltei-me e os óculos embaciaram-se com a comoção orgulhosa de reconhecer o meu sangue naquela voluntária de 4 anos.
– Bia, desta vez deixa estar. Não mexas neste lixo porque está muito sujo. Obrigado.
Desculpa filha não estar contigo este fim de semana mas o pai tem de ir ajudar os outros malucos porque as pessoas normais estão a atulhar o teu futuro de lixo.
Republicou isto em TaraRecuperavel.org: movimento cívico de acção ambiental and commented:
Ambientalistas voluntários serão pessoas normais com ideias anormais?
Ou vice-versa?
… pessoas anormais com ideias normais !
Serão pessoas comuns com sentido cívico e bom senso (bondade e razão), o que é anormal, no sentido de fora da norma. O senso comum (razão popular) é o que define a norma e como tal, pessoas normais num grupo. Senso comum é apenas a razão que é mais popular, mesmo que seja baseado em ignorância e pouco civismo. Em certos tempos a escravatura, bater com o cinto nos filhos, dar álcool e tabaco a crianças era de senso comum, sendo a norma entre o povo. Pela ação de pessoas comuns com um maior sentido cívico e bondade no senso a norma desenvolveu-se. Uma pessoa normal é não mais do que um indivíduo que segue a norma em vigor por mais estúpida, ignorante e injusta que a mesma seja. Mééééeeh!